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Três autarquias e seis freguesias prometem deixar de usar herbicida nos jardins
Castelo de Paiva, S. Vicente e Vila Real de Trás-os-Montes são as três câmaras municipais, a que se juntam seis freguesias, que já se comprometeram a deixar de utilizar herbicidas com glifosato, anunciou hoje a Quercus.

A associação ambientalista tinha lançado em março a iniciativa "Autarquia sem Glifosato", que apelava à eliminação do uso daqueles herbicidas nos espaços públicos, como os jardins, e prometia divulgar as entidades subscritoras.

Além daquelas três câmaras municipais, as freguesias de Carvalheira (em Terras de Bouro), Estrela (em Lisboa), Cinfães, Oliveira do Douro, S. Cristóvão de Nogueira e Tarouquela (todas em Cinfães) também prometeram deixar de usar o herbicida.

"Temos três municípios, Castelo de Paiva, S. Vicente e Vila Real [de Trás-os-Montes], sendo que esta é uma cidade importante, capital de distrito", disse hoje à agência Lusa o presidente da Quercus.

Nuno Sequeira espera que "mais se possam juntar" e diz que, "da parte das frequesias, também há um sinal importante".

"Sabe-se que agora, com a descentralização, muitas autarquias estão a tomar conta dos espaços urbanos, antigamente" responsabilidade das câmaras, sublinhou.

"Para uma primeira adesão já é um número significativo, gostaríamos de ter muito mais, contudo, sabemos que são práticas que estão muito enraizadas, fazem-se há muito tempo e não é fácil de conseguir alterar", salientou o responsável, acrescentando que a publicação da lista de adesões pode ser um incentivo a outras autarquias.

Assim, a Quercus vai continuar a insistir neste assunto para que, em Portugal, um número considerável de autarquias, "de forma coerente e correta, possam ter uma melhor ação em prol da saúde pública e do ambiente, banindo por completo estes herbicidas com glifosato das suas práticas agrícolas e florestais", realçou Nuno Sequeira.

A opção por métodos manuais (à mão e enxada), térmicos ou mecânicos "permitia que não houvesse o impacto negativo da aplicação do produto a nível da saúde pública e do ambiente, nos solos, mas também permitiria poupar alguns recursos, humanos e financeiros", referiu o presidente da Quercus.

"Para além dos impactos na fauna e na flora, há impactos consideráveis sobre os recursos hídricos e sobre os solos, há que pesar tudo isto numa escala mais global e perceber que, para se poupar dinheiro a curto prazo, vai haver implicações a médio a longo prazo, mas também em termos financeiros", alertou.

A Quercus refere que o herbicida à base de glifosato é o pesticida mais utilizado em todo o mundo, tem aumentado, sendo também o mais usado em Portugal, e pode causar problemas na saúde humana, como malformações congénitas, efeitos tóxicos em vários tipos de células humanas, ou efeito desregulador hormonal e cancerígeno.

Uma diretiva comunitária, já transposta para a lei portuguesa, refere que, "em zonas urbanas e de lazer só devem ser utilizados produtos fitofarmacêuticos quando não existam outras alternativas viáveis, nomeadamente meios de combate mecânicos e biológicos".

A partir de 26 de novembro de 2015, os produtos fitofarmacêuticos apenas poderão ser aplicados por empresas autorizadas ou as autarquias terão de investir na formação dos seus funcionários para poderem aplicá-los.

http://portocanal.sapo.pt/noticia/41167/
Três autarquias e seis freguesias prometem deixar de usar herbicida nos jardins